A escolha entre um carro a gasolina ou a diesel é uma decisão importante que deve ser tomada com cuidado.

Gasolina ou Diesel: Qual a escolha correta?

A escolha entre um carro a gasolina ou a diesel é uma decisão importante que deve ser tomada com cuidado.

A escolha entre um carro a gasolina ou a diesel é uma das primeiras dúvidas que surgem no momento de comprar um veículo. Qual a escolha correta?  A decisão, aparentemente simples, envolve uma série de fatores que nos obrigam a refletir acerca de múltiplos fatores, que vão desde o custo do combustível e a performance do motor até ao impacto ambiental e aos custos de manutenção.

O tema é complexo e até controverso e a opinião dada aqui será sob o ponto de vista económico da questão, que é o fator que nos mexe a todos no bolso e ao qual todos reagimos de forma direta.

Neste guia completo, vamos desmistificar as diferenças entre os dois tipos de opção, ajudando-o a tomar a decisão mais acertada de acordo com as suas necessidades.

Para tal, escolhemos três tipos de cenários que se colocam no momento da compra!

Carro Novo!

Quando consideramos a aquisição de um carro novo, a escolha do tipo de motor em termos de custo e comparando as variantes gasolina e diesel para o mesmo carro, são cada vez mais semelhantes. Temos assistido a um nivelamento de preço entre as versões gasolina e diesel, sendo que a diferença de preços, por vezes, mal ultrapassam os mil euros a mais na versão diesel do mesmo carro mesmo considerando todas as opções de extras disponíveis. No entanto, há que considerar e analisar alguns factos que nos podem ajudar na escolha acertada do tipo de motor a comprar.

Se anualmente percorre menos de dez a doze mil quilómetros, claramente a escolha acertada será a versão a gasolina. Considerando a diferença de preço entre os diferentes tipos de combustível, não será grande a vantagem económica de utilizar o diesel como combustível. Por outro lado, se esses quilómetros percorridos forem em grande parte realizados em circuitio urbano, estará a danificar o filtro de partículas do seu carro, o que sairá muito caro na altura de reparar.

Em termos de custos de manutenção de uma viatura comprada nova, nos primeiros três a cinco anos serão baixos e comparáveis entre as versões disel e gasolina, sabendo também que as grandes manutenções começam a serem realizadas a partir dos oitenta a cem mil quilómetros percorridos.

Há também a considerar que nos primeiros dois a três anos a garantia da viatura nova cobrirá os eventuais custos de reparação de avarias que possam surgir. Ressalva realizada a componentes que resultem da normal utilização da viatura, como por exemplo os filtros de partículas que não estão abrangidos por qualquer tipo de garantia.

Assim, na opção de compra de viatura nova, é quase indiferente a opção por gasolina ou diesel, a menos que percorra menos de dez a doze mil quilómetros anuais onde não deve de todo optar pelo diesel sob pena de poder estar a danificar o carro pelo tipo de utilização efetuada.

Viatura Semi-Nova!

Vamos agora considerar a opção de compra de uma viatura até aos três anos de idade que consideraremos como semi-nova, com uma média de quinze mil quilómetros percorridos em cada ano.

Nesta opção, a escolha pelo modelo a diesel vai ser mais cara comparativamente à versão a gasolina. A desvalorização do carro a diesel, neste momento, é menor que a versão a gasolina fazendo com que os preços de aquisição do modelo a gasolina seja mais acessível. Esta é uma vantagem para quem opta por comprar a opção diesel nova e que vai ver uma melhor retenção de valor na altura da venda ao fim de três a quatro anos.

Neste caso, terá que refletir bem acerca do tipo de motor que vai escolher. Se vai rodar menos de vinte a vinte e cinco mil kilómetros por ano, a opção mais concensual será a versão a gasolina. De notar que as garantias de fábrica já expiraram e que qualquer garantia negociada com o stand não vai cobrir a grande parte das avarias que se começam a fazer sentir a partir dos oitenta mil quilómetros como, por exemplo, filtros de partículas entupidos, turbos com passagem de óleo ou avarias nos injetores dos motores a diesel.

A diferença de preço do combustível não vai certamente compensar o custo das reparações e manutenções que um diesel começa a ter de realizar, se por exemplo, rodar quinze a vinte mil quilómetros por ano.

Viatura usada com mais de dez anos!

Não é de todo aconselhável a compra de animo leve de uma viatura a diesel com esta idade. Entramos num patamar de viaturas com elevadas quilometragens (não há carros a diesel com dez anos e cem mil quilómetros, acreditem …). Corre o risco de encontrar viaturas com passados de manutenção pouco claros ou mesmo sem qualquer tipo de registo.

É certo que vai ser grande a probabilidade da viatura ter problemas,como por exemplo com os injetores e sistemas de injeção a necessitar de reparação ou substituição, filtros de partículas obstruídos ou mesmo inexistentes (retirados pelo anterior proprietário) , sistemas de suspensão com necessidade urgente de reparação e a lista pode continuar.

Terá uma surpresa, pela negativa, quando levar o seu carro recém comprado à oficina para fazer uma revisão e averiguar o seu estado geral. Normalmente as notícias não são boas e, depois da compra realizada, pouco há a fazer a não ser reparar a viatura caso queira ficar com ela. Normalmente, em carros de gama média/alta, a fatura de revisão pós compra pode ficar em alguns milhares de euros.

Comparativamente a um carro a gasolina, nos carros a diesel a maior parte dos componentes que irá estar com problemas é muito mais onerosa e o trabalho de reparação exige mais tempo, equipamentos e técnicos especializados que acrescentarão muitas centenas de euros à fatura da oficina.

A partir dos dez anos de idade num carro a diesel, para que possa compensar os pesados investimentos que poderá ter que realizar, terá que fazer mais de trinta a trinta e cinco mil quilómetros por ano para poder diluir todos os custos de utilização da viatura.

Atenção à compra de viaturas de gama alta com esta idade (BMW séries 5, 7, Mercedes Benz Classe E, S, Audi A6, A8, etc …).este tipo de viaturas, nomeadamente as versões diesel, envolvem muita tecnologia e planos de manutenção que, seguidos à risca, podem “arruinar” a carteira do comum do Português. A viatura até pode ter um preço apetecível e um aspeto de quase nova, mas acreditem, o preço das peças, da mão de obra especializada e das ferramentas a utilizar na manutenção e reparação da viatura são proibitivos.

Assim em jeito de resumo, não é invulgar a aquisição de uma viatura de gama alta com trezentos mil quilómetros ou mais pelo preço de um Renault Clio novo a gasolina e seguidamente ter que substituir ou reparar componentes como injetores, bombas injetoras, sistemas de suspensão pneumáticas, filtros de partículas, braços de suspensão, sinoblocos, turbos e outros componentes de desgaste que muitas vezes foram negligenciados e não substituídos ou reparados pelo proprietário anterior derivado ao seu elevado custo.

A Escolha Correta das Diferentes Opções …

Sim, e agora coloca-se a questão! Como normalmente se escolhe? Escolhe-se pela razão ou pela emoção?

Cada um de nós tem preferências relativamente ao carro que gosta de conduzir ou pela opção de poder escolher subir na gama numa viatura com alguns anos em deterimento de uma viatura mais recente de gama mais baixa e mais fiável. Quem não gosta de conduzir um “avião” comprado pela fração do preço que custava em novo, há uma década atrás?

Na minha opinião, é tão importante a ponderação acerca da viatura a adquirir como questionarmo-nos se temos a capacidade financeira de suportar o custo de manutenção e reparação de uma viatura de gama alta. Vale a pena o risco pelo status de utilizarmos esse carro? Tudo depende daquilo que cada um quer, da disponibilidade financeira de cada um, da condição da viatura que estamos a adquirir (pode ser um carro de um amigo em que conheçamos bem o seu historial de manutenção e com o qual estejamos à vontade …), etc …

De qualquer modo, não se esqueça de antes da compra, tomar todas as precauções necessárias com a verificação do estado da viatura. Procure a ajuda de um mecânico ou oficina da sua confiança para a avaliação dos componentes mecânicos e varrimento do sistema eletrónico do carro com uma máquina de diagnóstico para deteção de avarias. Faça um test drive completo durante pelo menos vinte minutos e com diferentes tipos de condução. Pode ler tudo sobre este tema neste artigo.

Conclusão – Diesel, vale a pena?

Mais uma vez e repetindo, expresso aqui apenas a minha opinião. Para uma utilização pessoal e familiar, a compra de um carro a diesel não compensa no contexto atual. O diferencial do preço dos combustíveis estão a diminuir, a eficiência dos motores a gasolina é muito maior que num passado recente e o tipo de utilização realizado, seja pelos quilómetros percorridos por ano ou pelo tipo de trajeto cada vez mais urbano, deitam por terra as possíveis vantagens do uso do diesel.

Os custos de manutenção do diesel elevados são também um fator limitativo e a ter em conta na altura de tomar a decisão de compra pois será uma fatura que acompanhará o carro durante toda a sua vida útil.

Relembre-se também que o diesel como combustível tem o seu fim anunciado num futuro não muito distante pois a regulamentação de emissões que vai também sendo mais exigente e restritiva condicionam os construtores nos custos de desenvolvimento dos motores diesel com custos de produção impossíveis de suportar pelo cliente.

Por outro lado, o investimento das marcas no desenvolvimento e aprimoramento dos motores a gasolina acompanhado da evolução dos combustíveis sintéticos (gasolinas) e da colocação de veículos movidos a hidrogénio no mercado, colocam o motor diesel numa situação de possível “extinção” nas próximas décadas.

Espero ter ajudado na tomada de decisão correta e informada na escolha do seu próximo carro.

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Carlos Paulo Veiga

Carlos Paulo Veiga

Apaixonado por automóveis, sobretudo a sua essência técnica. Espero ajudar com a partilha de conhecimento.

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