Acompanhe-nos nesta segunda parte do processo de “pedido de cidadania Portuguesa” para o nosso Fiat 500. Confira as diferentes fases deste processo e fique por dentro do que é necessário para colocar uma placa de matrícula portuguesa num veículo importado.
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Inspeção B – Primeiro Passo Para Pedido de Matrícula
Continuando a nossa aventura de conceder cidadania portuguesa ao pequeno Fiat 500, espera-nos agora a fase mais complicada e demorada de realizar e foi assim chegada a hora de continuar com todo o processo. Após toda a preparação detalhada no post anterior, com muita atenção dada a toda a mecânica do pequeno italiano, colocamos o Fiat 500 num reboque e rumamos ao centro de inspeções, acompanhados de toda a documentação necessária para o processo. Chegados ao Centro de Inspeção e retirado o carro do reboque, foi realizada a entrega de toda a documentação solicitada e realizado o pagamento da inspeção B, que importou em € 89,59.
Entrado na linha de inspeção, realizaram-se todos os testes de uma inspeção regular acrescido de múltiplas verificações e confirmação de dados da viatura e que atestam que está de acordo com o certificado de conformidade europeu exibido.
Tudo corria conforme o previsto com a inspeção do Fiat 500, a não ser a diferença de desempenho dos amortecedores traseiros que, entre eles, ultrapassavam (por pouco) o percentual admitido pelos critérios exigidos pela inspeção. Não tínhamos forma de antecipadamente verificar esta situação por falta de equipamento específico para o efeito.Assim, retornamos à oficina onde procedemos de imediato à substituição dos dois amortecedores traseiros no pequeno Fiat e eliminando a causa da não conformidade.
Reinspeção – Fiat 500 Novamente no Centro de Inspeções
Dois dias depois, repetimos a inspeção para confirmação da reparação da suspensão traseira a troco de mais € 44,80 pagos na receção. A reinspeção do pequeno Fiat decorreu sem qualquer tipo de problemas, repetindo-se todo o processo de análise de desempenho da suspensão e sendo confirmados os valores esperados. Após o processo análise física do carro, assistimos à preparação de toda a documentação para o seguimento do processo, nomeadamente na alfândega e IMT (Instituto de Mobilidade Terrestre). Foram-nos entregues o certificado de aprovação em inspeção técnica para matrícula, folha de aprovação de inspeção regular e modelo 9 do IMT do Fiat devidamente preenchido e validado.
Seguidamente foi realizado o preenchimento da DAV (Declaração Aduaneira de Veículo) para apresentação do processo do Fiat à alfândega, conjuntamente com outros documentos, o que aconteceu no dia seguinte à reinspeção. Seguidamente aguardamos a emissão da guia de pagamento do ISV (Imposto Sobre Veículos) do Fiat 500 devido ao estado.
Guia recebida e imposto pago, faltou apenas aguardar pela emissão da matrícula para que pudéssemos circular com o carro, o que aconteceu quatro dias após o pagamento do imposto. Recebida a DAV com indicação de pagamento de ISV e nova matrícula portuguesa, realizamos o seguro do Fiat 500 para que pudéssemos circular. É possível circular com a DAV, carta verde do seguro e certificado de inspeção durante dois meses.
Seguiu-se a apresentação no IMT da restante documentação para que o processo do Fiat se complete e seja realizado o registo da viatura na conservatória de registo automóvel. Aguardamos agora a chagada do DUA (documento único automóvel) para que o processo esteja finalmente concluído.
Vale a pena todo este processo?
Não sendo um processo fácil nem rápido, é algo que poderá fazer por si só. Pode assim ter acesso a viaturas com versões inexistentes em Portugal e preços de aquisição mais favoráveis. No entanto, faça bem os cálculos com todas as variáveis, pois rapidamente pode verificar que a viatura que tem em mente não oferece vantagens com uma compra feita noutro país da união europeia. O nosso sistema fiscal pode rapidamente desfazer um sonho ou vontade de, em teoria, poupar algum dinheiro.
Considere também o facto de, se assim o desejar, ter de se deslocar a outro país para poder ver a viatura pessoalmente, com todos os custos que isso implica (viagens de avião, estadia, aluguer de viatura, combustível, alimentação …). Se planeia trazer a viatura a conduzir, acrescente o custo de matriculas de exportação com seguro incluído, combustível, portagens, estadia no percurso e alimentação. Não se esqueça que, embora não seja um custo, tem de acrescentar o risco de uma viagem longa e cansativa, de pelo menos dois a três dias (conforme o local de compra do carro).
Assim, muitas vezes é preferível fazer o transporte da viatura em camião, com um custo muitas vezes inferior ao do transporte por mão própria. Considere também o risco do negócio, pois ele também existe e tem que ser ponderado. Compras a particulares são desaconselháveis, procurando as viaturas em stands ou concessionários com boa reputação nas plataformas eletrónicas de venda de veículos.
Pode também realizar a compra à distância, aconselhando neste caso o pedido ao vendedor de VIN (número de chassis), registo de manutenção da viatura, fotos detalhadas e vídeos de diferentes áreas onde normalmente a corrosão existe, diálogo com o vendedor de modo a poder fazer uma descrição detalhada do estado geral da viatura, mecânica, pintura, etc …
Depois de ter tudo isto, com o VIN, peça um relatório detalhado da viatura. Ele é pago (não excede os € 20,00), mas vale bem a pena, pois pode confirmar a veracidade dos quilómetros anunciados, existência prévia de acidentes, número de proprietários anteriores, se alguma vez foi dado como roubado, se já foi reexportado de outro país, etc… A Car Vertical é um exemplo de companhias que oferecem este serviço on-line, podendo no entanto pesquisar por mais soluções.
Normalmente os stands e concessionários com boa reputação evidenciam os problemas e defeitos que a viatura tem mas, no entanto, esteja atento.
Veja as reviews dos compradores relativamente ao vendedor que pesquisa, compare preços da mesma viatura em diferentes vendedores e dê preferencia a zonas mais a sul dos principais países a pesquisar, nomeadamente na Alemanha. A corrosão é a sua inimiga e pode revelar-se um pesadelo em resolver depois de ter o carro em Portugal, com custos de reparação que irão consumir toda a vantagem de negócio conseguida na compra.
Escolha viaturas com registo de manutenção completo (livro de revisões), pouca ou nenhuma corrosão (peça fotos e vídeos detalhados ao vendedor), sem grandes riscos ou mossas e com confirmação do vendedor que tudo funciona, quer no interior da viatura quer a nível mecânico. Prefira também viaturas com a inspeção do país de origem válida. Lembre-se que a viatura vai ser sujeita a uma inspeção B em Portugal e que é muito fácil de ter uma reprovação com custos de reparação elevados.
Outra situação em que deve ter atenção redobrada é na documentação. Se algo está mal, falta alguma coisa ou algo não está claro, pode significar que poderá não conseguir legalizar a viatura e acaba com um pisa papeis com rodas que custou muito dinheiro e que não lhe vai servir para nada.
Recomendo a entrega do processo a um despachante, que lhe vai explicar em detalhe e antes da compra, quais os documentos que vai ter que solicitar em cada um dos países onde possa procurar o seu futuro carro. Também é muito mais cómodo e seguro entregar todo o processo administrativo a quem está habituado a tratar toda esta tramitação. Evite assim muitos dissabores e demoras, seja na alfândega, IMT ou conservatória de registo automóvel.
Mesmo com todos estes cuidados em mente, saiba que vai descobrir que vai ter necessidade de proceder a reparações e que tal é normal na compra de um carro usado. Não caia na tentação de acreditar que vai comprar uma viatura e que ela irá estar num estado de perfeição, não tendo que investir nenhum dinheiro na sua preparação. Reserve um orçamento no seu planeamento para tal.
Conclusão
A compra de uma viatura fora de Portugal pode ser uma boa alternativa à compra no mercado português. No entanto, planeie bem esta opção, tanto em valor como em risco. A oferta é imensa na Comunidade Europeia, nomeadamente Alemanha, Países Baixos e Bélgica, no entanto opte por ter uma abordagem pragmática e realista à questão. Não veja apenas o lado positivo de acesso a um mercado enorme, quer em preço ou versões, mas também seja assertivo no planeamento da sua compra.
Elenque e enumere todas as despesas, custos e impostos. Orçamente um valor para as reparações necessárias e inevitáveis. Procure ajuda num despachante que o vai elucidar relativamente a toda a documentação necessárias nos diferentes países da União Europeia e em toda a tramitação documental necessária em todos os organismos intervenientes no processo assim como nos valores pagar de impostos e outros emolumentos. Vai ser-lhe cobrado um fee, mas é dinheiro bem gasto.
O domínio da língua inglesa, falada e escrita, é uma vantagem. Quando negociar com o vendedor, será, em principio, a língua que vai utilizar, a menos que domine a língua do país onde está a viatura a ser negociada.
Se vai ver o carro pessoalmente, planeie a sua viagem com tempo e considere todos os custos inerentes a este processo, desde a ida de avião, estadia em hotel (que pode chegar a três dias para ser possível haver tempo para o pedido e emissão de matrículas de exportação), viagem de volta (combustível, alojamento, portagens e alimentação).
Se vai comprar remotamente, contacte empresas de transporte de viaturas e peça pelo menos três orçamentos diferentes. Há empresas especializadas em transporte para determinados países o que poderá ser mais barato e rápido.
Procure uma oficina da sua confiança que o possa ajudar na preparação da viatura para a inspeção B a que vai ser sujeita. Prepare e planeie esta intervenção com o tempo necessário. Veja também qual o centro de inspeções onde vai realizar a inspeção B, pois nem todos o fazem. Ligue e marque para que nada falhe e para que não demore em demasia.
Organize-se conjuntamente com o despachante nas diferentes fases do processo, pois vai rapidamente perceber que será uma peça chave para o sucesso com rapidez neste processo.
Considerando tudo o que foi mencionado, tem à sua disposição um mercado enorme, com viaturas a preços convidativos, mas num meio onde temos de nos movimentar com muita assertividade e objetividade, desde a pesquisa da viatura, negociação, transporte e, já em Portugal, o pedido de matrícula e toda a tramitação necessária para o efeito.
