A correia de distribuição é uma parte essencial do motor de combustão interna, pois controla o sincronismo do movimento entre as válvulas de admissão e escape e dos pistões. Às vezes é uma corrente, que em princípio duraria a vida útil do carro, ou então é uma correia em borracha, que deve ser substituída após um certo número de quilómetros ou tempo de uso.
A correia dentada de borracha é a mais barata de produzir. É por isso que é instalada com mais frequência em carros de gama mais baixa e de menor preço.
Nos últimos anos, muitos motores de combustão interna foram equipados com uma “correia dentada húmida”. Mas acontece que esta solução é menos confiável do que pensávamos. Descubra aqui quais motores são afetados e como evitar problemas.
A introdução da correia de distribuição banhada a óleo em motores modernos gerou debates acalorados no mundo automóvel. Prometendo maior durabilidade e menor atrito, essa tecnologia levanta questões sérias sobre sua fiabilidade a longo prazo. Este artigo explora os detalhes, os riscos e as precauções a ter com este sistema.
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Como Funciona uma Correia de Distribuição?
A correia de distribuição é um componente vital do motor de combustão interna de um veículo, desempenhando um papel crucial na sincronização dos movimentos das suas peças internas. Essencialmente, ela garante que as válvulas do motor abram e fechem no momento certo em relação ao movimento dos pistões.
Funcionamento:
- Sincronização: A correia de distribuição liga a cambota (que controla o movimento dos pistões) à árvore de cames (que controla o movimento das válvulas). Esta ligação garante que estes componentes se movam em sincronia precisa.
- Abertura e fecho das válvulas: Ao girar, a árvore de cames acciona as válvulas, permitindo a entrada de ar e combustível nos cilindros e a saída dos gases de escape. A correia de distribuição assegura que este processo ocorra no momento certo do ciclo do motor.
- Outras funções: Em alguns motores, a correia de distribuição pode também accionar a bomba de água, que ajuda a arrefecer o motor.
O que controla:
- Válvulas: A correia de distribuição controla o momento exacto em que as válvulas de admissão e escape abrem e fecham.
- Pistões: Ao sincronizar o movimento da árvore de cames com a cambota, a correia de distribuição garante que os pistões e as válvulas não colidam.
- Bomba de água (em alguns casos): Em alguns motores, a correia de distribuição também controla o funcionamento da bomba de água, garantindo o arrefecimento adequado do motor.
A correia de distribuição é um componente crítico que garante o funcionamento suave e eficiente do motor, controlando a sincronização precisa das válvulas e dos pistões.

Consequências de uma Correia de Distribuição Partida
O rebentamento da correia de distribuição pode ter consequências devastadoras para o motor de um veículo. A correia de distribuição é responsável por sincronizar o movimento das válvulas e dos pistões, garantindo que estes não colidam. Quando a correia se rompe, esta sincronização é perdida, resultando em danos graves.
Consequências Imediatas:
- Colisão entre válvulas e pistões:
- A perda de sincronização leva a que as válvulas e os pistões colidam, resultando em danos significativos.
- As válvulas podem empenar ou quebrar, e os pistões podem sofrer danos nas cabeças ou nas saias.
- Danos na cabeça do motor:
- A força da colisão pode danificar a cabeça do motor, que é uma peça complexa e dispendiosa.
- Os guias das válvulas e os assentos das válvulas podem ser danificados.
- Danos na árvore de cames:
- A árvore de cames, que controla a abertura e o fecho das válvulas, pode ser danificada ou quebrada.
- Os apoios da árvore de cames também podem ser danificados.
Consequências Adicionais:
- Danos no bloco do motor:
- Em casos extremos, a força da colisão pode danificar o bloco do motor, que é a peça principal do motor.
- Isto pode resultar em rachaduras ou deformações no bloco.
- Contaminação do óleo do motor:
- Fragmentos da correia de distribuição e de outras peças danificadas podem contaminar o óleo do motor.
- Isto pode levar a danos adicionais nas outras peças do motor.
- Reparações dispendiosas:
- Os danos causados pelo rebentamento da correia de distribuição podem resultar em reparações muito dispendiosas.
- Em alguns casos, pode ser mais económico substituir o motor inteiro.
Prevenção:
- A melhor forma de evitar estas consequências é seguir o plano de manutenção do veículo e substituir a correia de distribuição nos intervalos recomendados pelo fabricante ou antecipadamente para evitar surpresas desagradáveis.
- Inspecionar visualmente a correia de distribuição sempre que possível.
- Estar atento a quaisquer sinais de desgaste ou danos na correia, como rachaduras ou desgaste excessivo.
- Ouvir o motor para quaisquer ruídos estranhos, que podem indicar um problema com a correia de distribuição.
Em resumo, o rebentamento da correia de distribuição é um problema grave que pode causar danos significativos e dispendiosos no motor. A prevenção é a chave para evitar este problema.

O que é uma Correia de Distribuição Banhada a Óleo?
Tradicionalmente, as correias de distribuição operam a seco, mas as versões banhadas a óleo funcionam imersas no óleo do motor. Nos últimos dez anos, a indústria automóvel tem utilizado cada vez mais o princípio da “correia húmida”, o que significa que a correia está localizada dentro do motor e trabalha imersa no óleo do motor. Em teoria, isso tem algumas vantagens. O óleo amortece o ruído, tornando o motor mais silencioso.
Vantagens Prometidas
Este princípio resulta em menor resistência graças à lubrificação, o que é bom para os consumos e, portanto, também para as emissões de CO2, o que é importante para os fabricantes, porque este valor é tido em conta nas emissões de toda a frota vendida, que é controlada pela UE.
- Redução do Atrito: O óleo lubrifica a correia, diminuindo o atrito e o desgaste.
- Maior Durabilidade: Teóricamente, a imersão em óleo protege a correia de resíduos e temperaturas extremas.
- Funcionamento Mais Silencioso: A lubrificação contínua pode resultar num motor mais silencioso.
Desvantagens e Riscos
- Sensibilidade ao Óleo do Motor: A correia depende da qualidade e viscosidade do óleo para funcionar corretamente.
- Contaminação do Óleo: Fragmentos da correia podem contaminar o óleo, afetando a lubrificação do motor.
- Manutenção Complexa: A substituição da correia pode ser mais complicada e dispendiosa.
Problemas Comuns e Soluções
Tudo isto soa como um avanço tecnológico, especialmente porque, em teoria, uma correia húmida seria benéfica para a vida útil do motor. Excepto na prática, estas correias desgastam-se frequentemente mais rapidamente do que o esperado, o que pode ter consequências desastrosas para o motor.
Uma correia inevitavelmente desgasta-se e desintegra-se e, esses fiapos e detritos, acabam no óleo do motor, nos canais de óleo e na bomba de óleo, o que pode causar bloqueios. Quando a bomba de óleo falha, o motor pode funcionar sem lubrificação adequada e sofrer danos fatais.
Degradação Prematura da Correia
A qualidade do óleo do motor é crucial. Óleos inadequados ou contaminados podem acelerar a degradação da correia, levando a falhas prematuras.
- Utilize sempre o óleo recomendado pelo fabricante.
- Respeite os intervalos de manutenção e substituição do óleo.
Contaminação do Sistema de Lubrificação
Fragmentos da correia desgastada podem entupir os canais de passagem do óleo, comprometendo a lubrificação do motor e causando danos graves.
- Realize inspeções regulares da correia e do óleo.
- Considere a substituição preventiva da correia, mesmo antes do prazo recomendado.
Custos de Manutenção Elevados
A substituição de uma correia de distribuição banhada a óleo pode ser mais cara do que as versões tradicionais, devido à complexidade do processo e aos materiais utilizados.
- Informe-se sobre os custos de manutenção antes de comprar um carro com este sistema.
- Considere a possibilidade de contratar um seguro automóvel que cubra este tipo de reparação.

Como Cuidar da Sua Correia de Distribuição Banhada a Óleo
Isto não parece ser muito reconfortante para quem conduz um carro com esta tecnologia. Felizmente, é possível tomar alguns cuidados para evitar problemas na correia.
Manutenção Preventiva
A manutenção regular é essencial para garantir a longevidade da correia e evitar problemas dispendiosos.
- Verifique o nível e a qualidade do óleo regularmente.
- Substitua o óleo e o filtro nos intervalos recomendados.
- Inspecione a correia visualmente em cada revisão.
Escolha do Óleo Correto
Utilizar o óleo recomendado pelo fabricante é crucial para a saúde da correia e do motor.
- Consulte o manual do proprietário para as especificações do óleo.
- Utilize apenas óleos de alta qualidade e com as certificações adequadas.
Como já mencionado, é essencial utilizar um óleo que atenda às especificações para evitar danos à camada protetora da correia. No entanto tenha em atenção que muitas vezes as informações do manual do carro podem estar desatualizadas e, às vezes, é lançado no mercado um novo tipo de óleo mais adequado para correia húmida.
Condução e Condições Ambientais
Condições de condução extremas, como trânsito intenso ou temperaturas elevadas, podem acelerar o desgaste da correia.
- Evite conduzir em condições extremas sempre que possível.
- Realize manutenções mais frequentes se conduzir em condições severas.
É essencial realizar uma troca de óleo em tempo útil, de preferência antes do intervalo prescrito pelo fabricante. Esta operação deve sempre incluir a substituição do filtro de óleo (recomendado de qualquer forma na troca de óleo) e possivelmente a verificação do estado da bomba de óleo e respetivos vedantes.
Faça com que a correia seja verificada regularmente pelo seu mecânico a cada revisão e substitua-a preventivamente, se necessário mesmo antes do previsto pelo plano de manutenção do fabricante. Por fim, preste atenção aos sintomas: um ruído incomum, queda na pressão do óleo e uma luz avisadora de anomalia (luz do motor) que se acende no painel são sintomas de que é preciso ir rapidamente à oficina.

Ford, Stellantis, Honda e VW
A Ford foi a primeira a adotar este princípio, no motor 1.8 TDCi de 2007. Aqui, a correia aciona apenas a bomba de combustível, não as árvores de cames. Mais tarde equiparam também os seus motores 1.0 a gasolina, 1.5 a gasolina, ambos com a designação Ecoboost, e 2.0 diesel com correia húmida, que aciona as árvores de cames.
A antiga PSA, agora Stellantis, fez o mesmo com o agora famigerado motor 1.2 Puretech a gasolina. Os problemas generalizados deste “Puretech” são bem conhecidos. Entretanto, tanto a Stellantis como a Ford adaptaram o seu design e substituíram a correia por uma corrente. Por sua vez, o fornecedor Continental lançou uma correia melhorada para resolver o problema nos motores existentes.
O 1.2 da Opel (da anterior geração Astra) também tem correia húmida. Embora o fabricante alemão faça agora parte da Stellantis, é um motor diferente. A Honda fez o mesmo desde 2017 com o 1.0 litros a gasolina do Civic.
Finalmente, a Volkswagen também aplica o princípio da correia húmida nos motores 1.0 TSI, 1.4 TSI, 1.6 TDI e 2.0 TDI desde 2012. Nestes casos, a correia aciona apenas a bomba de óleo e não as árvores de cames.
O Futuro das Correias de Distribuição Banhadas a Óleo
Apesar dos desafios, as correias de distribuição banhadas a óleo representam uma evolução na tecnologia automóvel. O futuro dependerá da capacidade dos fabricantes em resolver os problemas atuais e garantir a fiabilidade a longo prazo.
Inovações e Melhorias
- Desenvolvimento de materiais mais resistentes e duráveis.
- Sistemas de monitorização da degradação da correia.
- Óleos de motor com formulações específicas para este tipo de correia.
Alternativas e Tendências
- Correntes de distribuição: mais duráveis, mas mais ruidosas.
- Sistemas de distribuição variável: otimizam o desempenho do motor.
- Motores elétricos: eliminam a necessidade de correias de distribuição.
Conclusão
As correias de distribuição banhadas a óleo oferecem vantagens, mas exigem cuidados específicos. A manutenção preventiva e a utilização do óleo correto são cruciais para garantir a longevidade da correia e evitar problemas dispendiosos.